Sol Raia  
Permita-me agradecer o nascer do Sol, o abrir dos olhos, o subir em janelas antigas para anunciar como se amar, o contemplar de rios idos e estrelas decantadas, nos confins de minha morada, meu astro celeste acordou meus passarinhos, beijou o vento com seus sinos e trouxe-me de novo aos líricos caminhos, pairamos duvidosos nas órbitas de muitos sonhos e unidos pela fé dos límpidos motivos, caminhamos carregados pelo amor infinito, eis que tu veio de longe, bem longe, como se saísse de dentro de um eu pequenino, um que não mais existe para tantos outros virem contigo, eu te agradeço oh! Você que raia, dentro dos fontanários de meninos, eu sou mais um rio, que pro mar avança atrás de pares, e lá encontro você como meu sol e ninho.

Num lago de estrelas estagnadas de luz e paz.
18:34





  Um Mundo Azul  
Como diriam os panos de chão do quarto castelo das provícias de Marrabarate: "Eu quero ser a matemática de um trecho, no caminho de muitos trapos, há o que se dizer de pedaços, quando qualquer coisa mostrar monarquia!"

Eu em celeste convite, desci numa chícara, bem perto das mesas que pairavam nos grãos de poeira bailantes, conduzidos pela beleza da luz que atravessava o vitral e iluminava os visitantes, e todos diziam: "São as neves do sol esse lindos rabos de estrela!"

Por último entrou o cadáver, que ajeitou-se no caixão, tirou do bolso um relógio que no lugar de números estava uma combinação de letras, memorizou a sequência apontada e disse: "Em Cinco Dias eu Merecerei a Luz Quente de Um Reinado nas Estrelas."

Tomei um gole de paixão e fui soprar nuvens, bem distante olhei e xinguei: "Amadas!"
22:02





  A Dor de Deus  
Graças a Deus eu não sou Ele, penso-me melhor sendo nem um milésimo de sua plenitude, o amor pelo grande torna-me pequeno, como a liberdade de ser plural faz-me acompanhado, que inferno absoluto deve ser o coração divino. Somando tudo que há no universo, agoniza Deus em glórias do terrível infinito ao seu redor, e seu tempo cumpre-se cadeia solitária na existência de um ser único.

Que desgraça.
01:50





  Pintando um Diabo  
A inocência minha pintou um menino na tela desconhecida de um diabo, este que me vendeu por ter me encontrado só nas esquinas de um barranco, cheio de pedras no meu caminho, eu usei as tintas da minha meninice, e fiz do linho branco um quadro de muitas cores, porque a aquarela das minhas tentativas precisavam ser o óleo da mentira, e o diabo não me informara isso, as manchas vieram, e antes de terminar o caminho sem linhas eu encontrei a verdade escorrendo, e acho que essa pintura não volta.
09:08





  Nuvens de Fogo  
Idealizar é uma faca de dois gumes, se por um lado tornam as coisas aceitáveis, por outro a espectativa exige confirmações. A maestria de sonhar será sempre uma arte de fogo, brincar com as nuvens só nos é possível tentando vê-las conforme nossa criatividade, tocar o céu de suas liberdades é tão complicado quanto esculpir vapores com a lâmina presunçosa da humana compreensão.
10:24





  Contigo foi-se a unidade.  
Contigo foi-se a conclusão de tudo em um.
Foi-se uma vida só.
Foi-se uma aventura só.
Foi-se uma crença só.
Foi-se uma paixão só.
Foi-se o coração só.
Foi-se um tempo só.
Foi-se a esperança só.
Contigo.
Foi-se só.
10:32





  Agora Entendo.   
Agora entendo que o norte estava sempre no mesmo lugar, e só eu tentei a bússula das minhas necessidades, o resto, todos os outros marujos, foram à proa me dizer da direção errada, enquanto eu naveguei em meus sonhos para um sul muito frio, cheio de gelados perigos em cada mentira que se propunha, vi pontilhando no gigante manto azul, belas construções de transparência e pureza, na verdade, era um iceberg disfarçado de ingênuos traços que ocultavam as pressões cristalizadas de um coração inimigo, destacado bloco de sua família fria e sem experiências de navegantes, ele singra um abraço caloroso e farto, para se desfazer nesse mar de sal que é meu chão e meu medo.

Entendo agora, os piratas de coração, que saqueiam os cofres da segurança íntima, enlaçando os seus navios com arremessos de suas cordas-ousadias e ganchos-promessas, disfarçados de finas linhas como uma aranha tece sua casa e armadilha.

Eu agora entendo, o que Deus quer de Si, quando tece nas finas malhas do infinito a chance de dar tudo em medo e coragem, em amor e indiferença, em mar e bússulas. E perder-se na possibilidade do sonho é a única maneira de não ter somente o norte para nos guiar, frente ao medo da solidão - cardeal máximo do Divino - ele mirou nos fogos das estrelas imersos no mar frio de seu coração gigantesco, buscando em cada pequeno brilho a profundidade de se desfazer em muitos, e assim encontrar a resposta para seu navegar enquanto se dissolve dizendo-se apenas querer chegar a algum lugar. Mentiras que fazem o mar intragável para um coração, mas também a razão de ser dos navios e de Deus.
09:52





  Lua Vermelha  
Nas chagas de meu céu nasceu a minha companheira, agora que te vi, emergida das minhas sombras, da minha inocência, dos meus apegos ao meu manto negro de medos, eu te vi, assim vermelha, poderosa como uma estrela, singela como a Lua, eu te ponho no meu coração assim encontrada, como quem arrombasse a verdade dos meus mesquinhos meios, e a ver com o sangue o teor férrico da minha estupidez em não ter antes te notado.

Vá embora Áquila,vá embora! E não leve ele de mim.

Vá embora Áquila, deixe meu sangue aqui.
04:35





Renovado e Melhor
A verdade agora mora comigo, e a paciência familiar transita no meu coração, estou bem, feliz e desencanado.

Minha inocência acordou transmutada, agora posso entendê-la como a massa fria da sabedoria, e o erro, a fôrma perfeita.

Estou livre porque estou consciente do cárcere que escolhi e agora dos próximos que seleciono.
08:44





O Norte das Atitudes
Eu perdi a bússula dos tempos, e acredito que estou sem mapas para caminhar em busca da sabedoria, no sonho da marca, esse sim, mais eficiente que os caminhos avisados, mora minha compreenção de rota, tracei sem pensar entre lá e aqui, uma borda, para que sem medo de cair, um pudesse achar a porta. Estou orientado pelas forças dos medos, da raiva e do nojo, estou com os pés rasgados, e sem jeito. A vingança pede momento, e eu não sei o que faço por esse meio, distante de mim meu paraíso desejo, sem forças de esperança, como todos os pontos cardeais no dedo. Qualquer coisa que eu apontar, dá receios.
10:49





Meu Quinhão No Crime
Desrespeitar as impressões íntimas, alienar-se diante de certas convocações óbvias da sabedoria, julgar pela metade os inteiros ofertados, tudo isso é uma forma nada saudável de se proteger no otimismo desesperado de quem se desacradita capaz de ter o melhor.

Eu errei profundamente em permitir o avanço de certos mistérios, na pouca explicação, deixei minha tolerância perigosamente enriquecer uma experiência com ouro do meu próprio coração, idealizei.

Corrompido pelo meu medo, e nutrido pela esperança vinda da outra parte, eu confiei meus passos em meio ao lixo, cujo o caminho prometia mais e mais nojeiras, passei por riscos tremendos que ainda não terminei de avaliar, e agora acordo vacilando entre a piedade aguda e a ira tenebrosa, meu coração está doente, e descobri que foi essa minha pouca coragem de investigar.

Minhas memórias de tudo o que ocorreu é um presente pela metade também, só tenho a impressão boa das coisas que vivi porque eu tirei da minha própria carne para fazê-la assim, e quando a tenho, imediatamente vejo a sujeira sanguinolenta da obra masoquista.

Fui muito bobo, e isso é mortal para mim, porque eu não me envergonho de ser como um menino para as pessoas, mas é tão triste resguardar a sensação de ter sido negligente com os mínimos cuidados.

Disso tudo, aprendi que não se ama de qualquer maneira.
07:50





Pi e Po
Consultei o I Ching para descobrir sobre o destino de duas pessoas, as perguntas deram em respostas parecidas e diferentes, opostas e paralelas. Como minha vida.

Ao anjo, o destino reserva o Pi, ao demônio o Po.

PI : BELEZA NAS COISAS PEQUENAS.

PO: DESTRUIÇÃO E FORÇAS MINANDO A SEGURANÇA INTERNA.

19:13





Por esse medo de sonhar.
Faço assim, tudo tão real, tão simples como meu jeito de vestir, e sentar, aqui e ali, em qualquer lugar, pode ser no chão, no coração, no ar, eu não tenho medo de sem defesas atacar, por que o amor é assim, para o rio o mar.

Meu sapato de couro, meus músculos enrigecidos, meu olhar procurando passarinhos, minha audição de menino, procurando o coração do vento, esse que vai, aqui e ali, real como só você pode entender, promentendo que se vier aqui, e deixar o que tem de mais valor, não vai perder, porque com isso eu posso voar, assim, dentro de mim, de você.

Em qualquer lugar, por ti.

Morder e sorrir, brincar agachados de empurrar, cair e dizer que só por você, todos os dias, posso levantar.

Esquecer o tempo, por só meu amor lembrar.

Esse medo de sonhar ao me ver, é para mim um presente, como é o rio para o mar.
11:44





O Agora Santo
A base de meu pensamento é a estrutura de minha emoção pelo Deus.

O tempo é o raciocínio das somas emotivas nas classificações.

Não ameassem-me com ditos fixos em trágidas distantes, como a falar que o que vale é o prático, e o imediato, o foco.

Qual vida se compromete a ser futuramente importante, se nenhuma é prometida a ter "futuramentes"?

O Agora Santo é minha religião.

Se os minutos são descobertos nas emoções vividas, e não nos sonhos eternamente adiadores de mais e mais felicidade.

Ponha à frente, o bastião da vontade e da coragem, a liberdade é o sinônimo de amor.

Não aceito o desdém de muitos à obrigação de todos, ferrem-se nas suas hipócritas escolhas, são outras formas de adiar seu necessário encontro com Deus.

A vida de gado é o regime padrão do mato. Meu alimento será sempre o Vento.
04:21





Além dos Abraços
Inconfundível monstro, esse sonho terrível das loucuras, em paz com os diabos, só guerra de anjos, sem moral alguma e divino, por ti em meu peito, esperando o ataque dos rabinos, pronto a morrer de coração aberto. Eu que moro nos limites do último castelo, resisti bravamente aos cantos do passarinho, dizendo que o norte cheio de nuvens negras, além dos sonhos de jardineiros, existia um mito querendo ser herói, eu te abraço, príncipe das distâncias, em melancolia com as lágrimas de seus sonhos.

Áquila

Eis que veio.
12:02





Meu namorado, o Sol.
Não tenho maior paixão do que a liberdade do ardido, esse fogo branco que só se descobre na raiz de sua sensação, hoje floresceu num imenso canteiro azul o maior de todos os sonhos, e queimou cada centímetro de velhas peles dos sombrios pesadelos, meu eterno namorado o Sol, a presentear-me com todos os seus abraços em cada folha verde brilhante, em cada vapor de telha agonizante, em cada lembrança que criei só para plantar minha ingênua verdade de um dia vivê-las. É assim meu maior de todos os amores, a Estrela que de noite dorme, só para resfriar meu corpo com brisas perfumadas, para sempre no dia seguinte acordar em silêncio, oferecendo aos meus olhos as cores criadoras de um carinho divino, produtoras de lugares que não visitei, nos jardins das minhas mais íntimas promessas.

Apaixonante astro da minha vida, eu vejo em ti as terras quentes do Mississipi, os tapetes volumosos e amarelos do Saara, as ilhas verdes no oceano infinito, as praias intermináveis dos meus caminhares, eu quero sempre ver a mim, e só com seus olhos eu enxergo tudo, assim deitado no mato de uma distante montanha, olhando para ti a sentir seu beijo quente esturricando meus medos, de ser contigo, fervido e quente posto ele deixar-me cheio de sonhos, encontrar-me no seu abraço, nós dois, um.

O melhor presente de um amado, sempre será a esperança. Sendo eu, assim, de alguém, espero ser o Sol, assim, de outro.

A única estrela que dorme, e sempre, dentro de mim.
14:01





Fazer-se Visto
E além da maldição de uma nuvem idealizada, eu encontrei o céu azul de tempos novos cheios de possibilidades, aos poucos perco o prazer do branco em outros tempos, quando brincava com ela sentido o cheiro de seu coração, agora meu alvo mudou, e com a cor celeste vou pintar ares benditos dentro de mim.
21:59





Sem Próxima Vez
E Renata deparou-se com uma linda flor no canto da estrada, perguntou a si mesma se encontraria algo maior que aquilo, e imediatemente a resposta emudeceu-se na sanha de suas ainda vivas perseguições, o remorso de deixar para trás o que tanto lhe preenchia, culminou-se na pronta apresentação do egoísmo, um sentimento possessivo em tirar do tempo o seu poder definitivo de nos tirar de nós mesmos.

Para trás ficou a flor, enquanto dentro dela o tempo permitia-se encontrar para suas sementes, novas estradas.



Delicioso prazer de lembrar, e eu como menino entendo o sofrimento dos velhos, traídos pelo tempo deixando para longe nossos amores joviais, querendo resgatar a presença dos mesmos em cada gota de pensamento, ossos secos do passado cheio de gravuras para tentar ludibriar o esquecimento, nas ranhuras das forças que tentam tudo segurar no delicioso mundo do acontecente, eu descubro as rachaduras por onde escaparam nossos amados sofrimentos.



E assim nada perdura, para tudo existir.
01:13





Cacos do Futuro
Em um jarro de esperança começou a festa das pretensões, até esbarrar o fogo do tempo nos corpos ansiosos dos cegos, então o vasilhame tornou-se incandescente, e no cansaço jactante dos sem forças - esses desgraçados - cuspimos os pulmões com a ebulição dos prazeres sucessivos a matar nossa humildade requisitada porém ausente, convertendo o amalgama de sortudos privelegiados em ensaiados parasitas famintos, devoradores armados com suas ventosas cheias de presas, essas prometidas - pela fé dilacerante de uma só opção - a cuidar de carnes macias que cerimoniosamente deveriam ser apreciadas só com as papilas espirituais.

E o âmbulo dos mais protegidos segredos torna-se ao calor da chama temporal um caldeirão diabólico, não pela asas do cântaro sonhado mas pela pouca decência dos fervidos, a fazer rachados os gargalos das qualidades, para transbordar de uma vez, o que não crumpem fazer com cuidados celestiais. E no encontro externo do sangue efusivo aos ácidos frios do medo devoram seus próprios abdômenes dizendo-se em um mundo sem esperança, com despedaçados corações e mãos rasgadas pelo prostar-se de quatro nesse chão cheio de cacos, alinhando seus corpos para fazer-se de composturas desumanas, e preparar nos líquidos dos sonhos com fermentos de mentiras, seus paraísos cozidos à lenha de seus corações. Anunciam o império do azar sublimando seu pouco ou mesmo nenhum entendimento - religião em máxima essência - da catarse no ínvolucro sem pétalas de sabedoria, tudo no tempre bendito das liberdades que amam os patéticos, único recipiente verdadeiro semelhante à mão entreaberta de Deus.
11:34





Parar e Perceber
Penso que a maneira mais inteligente de existir é prestar conta a si mesmo das coisas que se vão, como um pequeno cálculo a ser feito o tempo todo, avaliando a correnteza das coisas, nesse ir e vir de muitos acontecimentos mesmo dentro da mais cíclica rotina.

Soa como ousadia determina-se a sempre perceber a finitude de tudo, ou sua simples viagem para certas distâncias, mas é preciso mesmo convidar-se a este encontro, um confronto contra o egoísmo, contra a covardia e a favor do amor, da verdade e da plenitude, que são até onde eu conheço, o objetivo de todas as pessoas, mesmo entre aquelas que parecem propagandar o contrário. E a verdade é que a justiça de um ato como esse, desmerece o poder dele em nossas tributações e tribulações, fazendo tudo ficar menos triste - se entendermos a preciosidade e leveza da proposta - e menos ainda punível, porque tornando-se natural, não carregamos o cadáver de nossas pretensões além dos limites necessários. Até o velório dessas motrizes senhoras de angústias, se faz como quem pisa em águas de um rio, podendo até ser assustador, visto que qualquer coisa cabe passar por ali e tocar suas peles justo em áreas estruturais, mas ao mesmo tempo nos conforta aos prazeres de terras fofas e roçadas por carinhos labiais vindo de torvelhinhos que grassam as superfícies do trajeto ofertando beijos sem saber a quem, por que intromete-se na sorte de suas curtas rotas. E corre o rio em delicado carinho levando de nós o que nele ainda não existia, essas sujeiras de nossos caminhos, fazendo o serviço de sepultar e ascender os nossos resquicíos em suas águas cíclicas - chão e céu - e nos devolvendo por alguns instantes de heroismo íntimo, a pureza dos corajosos inocentes de pés lavados, para em mares de renovados amores, encontrar-se com a novidade de outras almas desaguadas.
11:40





Dissolvência
Entitulei e endeuzei a Dissolvência como a grande mãe de tudo. O objetivo dos objetivos, porque não acredito mais em nada senão o poder da erosão, da transmutação por deterioração e mesclagem, não confio nos sais cristalizados das propostas de eternidade e continuidade, são elas a mim, como beiradas de praia cheia de sal, quando então não é mais mar e nem areia, apenas um algo sem cor, ambos em sólidos ambientes sem possibilidade de nada.
11:32





Patético
Acredito que o grande objetivo das Idéias Originais seja tudo terminar em patéticos resultados, como se esse emaranhado de estrelas em profundo vazio negro fosse um triste velho num picadeiro brincando de espalhar fogo, à procura de ver qual criança brinca livremente na sorte das oportunidades astrológicas do dia e da noite.
18:05





Para um Grito
Em testemunho do companheiro, muito mais ignorante e livre, o sábio olhava para frente com os braços abertos, em meio a um horizonte de intermináveis planícies verdes em uma manhã de muito sol, e inseguro de poder fazer isso, sob o potestoso estímulo adjacente, gritou, gritou e gritou o que mais queria, numa evolução de coragens, edificando escadas para o paraíso.
09:40





Costas Roxas
Eu prometi dizer que o fim é esperado, fiz isso a um demônio que se sentava à beira do pontilhão, admirando o riacho passar, eu passei rápido por ele, tinha medo de ser perguntado sobre outras coisas, aquele olhar triste, suas costas roxas como o jamelão, encurvadas para baixo, mostrava seu coração em profunda tristeza, com vergonha de ver-me tão semelhante àquela figura, eu preferi seguir caminho sem dar-lhe a oportunidade de mais assunto, no entanto, enquanto cruzava sua estação de pensamento parei paralelamente, ele deixou-me invocado a lhe responder, e pelo brilho de suas lágrimas nos olhos eu falei: "Esse rio é rio pelo que escorre, mas nem tudo que vai é rio." Acho que dei a ele o paraíso de ver as coisas de outra forma, quanto a suas lágrimas, não vi se caíram, para levar comigo minha Resposta, eu não poderia reparar nisso.
09:37





Minha mãe e seus medos.
Eu encontrei uma linda garrafinha de cachaça, estava vazia, achei na rua, era de plástico, mas tão bonitinha que não consegui deixá-la virar mais uma das horríveis flores mordenas a se achar em beiras de rios ou encher canaletas por aí, assim, mais pela beleza do que pela utilidade eu a peguei e levei para casa, lavei e coloquei em minha mesa no quarto de estudo esperando mostrar para minha mãe, hehehehe, sim, eu já sabia que ela iria reagir à maneira que agiu, e foi no alvo, as caras e bocas, os resmungos, os alertar terríveis e eu claro, numa manhã nublada pronto para atacá-la.

Minha mãe tem medo de tudo, ela afirma o contrário, o medo mais recente é o do Diabo, figura essa que eu simplesmente não acredito existir, é claro que como todo crente ela vem e diz a célebre frase de que na descrença do homem mora a astúcia de Satanás, e eu, irritadíssimo com esse nível de ignorância esvazio-me num sarcasmo que a deixa muito mais irritada, hehehehehe.

Para minha mãe o Diabo é tão importante quanto Deus, só que ela não diz isso, sem ele o seu mundo seria de permissividades, insegurança e nada divino, pois é justamente seu espírito milicioso que a põe alegre para lidar com as coisas suaves da vida. Haja um só propósito para vislumbrar uma beleza, e ela se retira da inocência de ver o que é belo por si só, e ajuiza antes, se é ou não é uma coisa de Deus.

Meu coração diante disso cai um profunda desgraça, e só me salvo se eu chamar o contrário do maternal exemplo, e faço assim meus discursos satânicos, dando a ela o horror de um mundo que não cabe no seu.

Eu fico rindo por dentro,e de alguma maneira feliz pelo revanchismo, mas a verdade é que fico muito triste, e saio extremamente desgastado disso tudo, porque eu vejo alguém que amo sendo completamente endemoniada por vícios de covardia no atos de avaliação.

E ela não me escuta, não me dá ouvidos a não ser se eu disser que uma coisa é do demônio, de mim só há credibilidade se eu falar que algo ainda desconhecido para ela é algo do diabo, minhas palavras por mais próximas de algum pensamento bem embasado sempre se subcoloca aos do pastor e das velhinhas que fazem seu círculo familiar em Cristo.

Eu não odeio minha mãe, muito pelo contrário,e sinceramente nem os pastores ou a igreja evangélica que ela faz parte, até porque sempre me dou bem com eles, mas a verdade é que esse lugar é um bastião moral para cultivar receios e covardia,a tal proteção de Deus que eles tanto falam se submete aos seus juízos inocentes, todos eles procurando a sombra do demônio nas folgas da libertinagem em cada coisa que existe, não importa o quão simples seja.

Em outra instância tem a vergonhosa idolatria com seus desdobramentos anticristãos como a Adoração e a Intercessão, dois pontos que sou completamente contrário e que eles(esses seres apostólicos) não conseguem viver sem, pois o mundo o qual ganharam de Deus é um mar de horríveis pecados e grandes criminosos, pronto a ser destruído na Salvação quando apontar nos céus, enquanto isso miliciam-se, e vigorosos chamam de amor esse coração bélico contra todas as possibilidades onde haja um mínimo de sombras, seu jardins de infernos.
12:06