Lua Vermelha  
Nas chagas de meu céu nasceu a minha companheira, agora que te vi, emergida das minhas sombras, da minha inocência, dos meus apegos ao meu manto negro de medos, eu te vi, assim vermelha, poderosa como uma estrela, singela como a Lua, eu te ponho no meu coração assim encontrada, como quem arrombasse a verdade dos meus mesquinhos meios, e a ver com o sangue o teor férrico da minha estupidez em não ter antes te notado.

Vá embora Áquila,vá embora! E não leve ele de mim.

Vá embora Áquila, deixe meu sangue aqui.
04:35

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A poesia é a materialização dos instantes. Embora predomine o regime diurno do imaginário sob a regência do astro solar nos seus escritos, aqui o instante é trevoso e lunar, envolto num céu sangrento de dores e apegos. Ao avistar altaneira a "lua vermelha", vc se reconhece nela e a traz para o peito, implantando-a no coração, como só assim fosse possível aliviar o sangramento da ferida que lateja incessante. Vc expulsa "Áquila", lendária personificação dos roubos e assaltos, para que, ao menos, seu sangue permaneça na figura cara de quem lhe ruboriza e vitaliza os horizontes íntimos e externos. Triste e lindo! Beijos, forever.

7:27 PM, novembro 03, 2005  

Postar um comentário

<< Home