Pintando um Diabo  
A inocência minha pintou um menino na tela desconhecida de um diabo, este que me vendeu por ter me encontrado só nas esquinas de um barranco, cheio de pedras no meu caminho, eu usei as tintas da minha meninice, e fiz do linho branco um quadro de muitas cores, porque a aquarela das minhas tentativas precisavam ser o óleo da mentira, e o diabo não me informara isso, as manchas vieram, e antes de terminar o caminho sem linhas eu encontrei a verdade escorrendo, e acho que essa pintura não volta.
09:08

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A reflexão contínua sobre a fratura do sujeito que acompanha a ruína de um projeto da inocência, entremeado de materiais falsos (‘o óleo da mentira’), só podia redundar na figuração do anjo decaído, o velho Diabo, Mefistófoles para Goethe, o ‘inimigo da luz’. Indago-me, será eternamente ‘mal dito’?? Não há redenção para ele?? Não sei, a atração para o abismo desconhecido de não-saber cerra o negro desejo da resposta. Meu Lindo Lorde Inglês, a argúcia mental da tua linguagem de todos os instantes é exímia no desvelo da meninice que radicaliza um passado urdido no desengano, porém necessário. Ela eterniza a impotência da dor ante a verdade que escorre e degenera a pintura de uma tela que, embora fingimento, poderia até permanecer não fosse a fragilidade precária de alguns elementos. Diz Caeiro/Pessoa: ‘Amar é a eterna inocência / a inocência de não saber’. Amo-te tanto! Bjs, forever.

7:50 PM, novembro 02, 2005  

Postar um comentário

<< Home