Parar e Perceber
Penso que a maneira mais inteligente de existir é prestar conta a si mesmo das coisas que se vão, como um pequeno cálculo a ser feito o tempo todo, avaliando a correnteza das coisas, nesse ir e vir de muitos acontecimentos mesmo dentro da mais cíclica rotina.

Soa como ousadia determina-se a sempre perceber a finitude de tudo, ou sua simples viagem para certas distâncias, mas é preciso mesmo convidar-se a este encontro, um confronto contra o egoísmo, contra a covardia e a favor do amor, da verdade e da plenitude, que são até onde eu conheço, o objetivo de todas as pessoas, mesmo entre aquelas que parecem propagandar o contrário. E a verdade é que a justiça de um ato como esse, desmerece o poder dele em nossas tributações e tribulações, fazendo tudo ficar menos triste - se entendermos a preciosidade e leveza da proposta - e menos ainda punível, porque tornando-se natural, não carregamos o cadáver de nossas pretensões além dos limites necessários. Até o velório dessas motrizes senhoras de angústias, se faz como quem pisa em águas de um rio, podendo até ser assustador, visto que qualquer coisa cabe passar por ali e tocar suas peles justo em áreas estruturais, mas ao mesmo tempo nos conforta aos prazeres de terras fofas e roçadas por carinhos labiais vindo de torvelhinhos que grassam as superfícies do trajeto ofertando beijos sem saber a quem, por que intromete-se na sorte de suas curtas rotas. E corre o rio em delicado carinho levando de nós o que nele ainda não existia, essas sujeiras de nossos caminhos, fazendo o serviço de sepultar e ascender os nossos resquicíos em suas águas cíclicas - chão e céu - e nos devolvendo por alguns instantes de heroismo íntimo, a pureza dos corajosos inocentes de pés lavados, para em mares de renovados amores, encontrar-se com a novidade de outras almas desaguadas.
11:40

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tudo isso nos faz refletir, sobre o que vale nesa vida... o que somos... pra que somos, por quem somos? Será mesmo tão difícil viver assim, ou nós mesmos que fazemos da vida essa complicação que ela se torna!?

Não sei... tenho 25 anos e ainda não sei viver. Espero aprender um dia... um dia, paro e percebo. E que não seja tarde...

12:47 AM, outubro 08, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Não é à toa que o chamo de Garoto Ancestral! Foi uma das coisas mais sábias e lindas que li na minha vida. “Parar e perceber” não são pra qualquer um não, meu caro. A percepção de muitos é obtusa por comodismo, fraqueza, covardia, insanidade. Sua proposta inteligente de existir é o encontro e o confronto com o eu na pureza da verdade. É o que preconiza Jung no processo de individuação para que aniquilemos o lado sombra, descobrindo o Self, quem realmente somos. Haja coragem! Vejo-te recém-saído de um batismo de fogo, e lavado em águas que diluíram montanhas equívocas que te esmagavam o coração. Vc segue limpo e renovado na abertura do imortal amor que nos arrebata, entretece e enleva no ritmo cíclico do existir entre o sagrado e profano. Se assim não for, não faz sentido. Abraço doido! Agora, só te abraço assim!!!!!!! Hehehe

12:49 AM, outubro 13, 2005  

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