7 de Ouros
Eu evoco os cardeais dos horizontes negros, eu chamo os sete diabos em nome da minha lingua porca, pelo sangue do mal eu conjuro os imponentes senhores da cobiça, alastrem-se por mim criaturas insanas e rasguem minha pele jovial para beber meu sangue, eu quero ingerir mil almas num só gole, então me ensine, façam de mim seu pupilo, estuprem minha misericórdia e devorem meus olhos de pele, eu quero sentir a alma em fogo, em brasa, em cinzas.

Derramem meu sangue num prato, chamem os cães para se satisfazerem, cozinhem-me no calor de mil dias sobre o sol, não me deixem falar, tampem meus ouvidos e ceguem meus olhos, eu peço, façam!

Diabos da Noite e todo o Azar convosco, venham trepar comigo na minha cama de oportunidades, eu copulo convosco pelo filho luar de meus sonhos vampíricos, eu quero morrer estraçalhado pelo peso dos estúpidos, numa morte vã sem menor carinho, e entreguem minhas esperanças os serviços das moças de ladainhas, enquanto eu não as ouço cantando seu celeste hino a minha morte, eu fadado ao sepulcro de muitos sóis, quero a negra noite dos encontros enfurecidos, tratados entre o mal e o destemido, numa poça de vingança, ousadia e risos.

Satanás venha me pegar, eu te quero assim bem pertinho, no negro tempo dos meus sonhos perdidos, eu faço de novo minha prece amada, no inocente juízo, não duvido de nada, sou pouco capricho, pode chegar mestre imbecil, leve-me para o cíclico tempo dos martírios.

Isso, vem, torne entrevado, tire-me a juventude, jogue-me à vergonha, aos limites da minha patética fraqueza, ponha-me diante de um bravo e faça-me lamber suas botas, vamos, faça o que eu imploro, desde já, te prometo lamber até fazer-se ingeridas as fezes de todos os seus soldados.

Adiante senhor das bestas, caminhe para mim, eu que tenho somente a ti para pedir, e que o medo vem e chega além, assim, tocando devagar meus sonhos, eu quero fazer sexo com suas aventuras, faça-me podre, cheio de feridas, e obrigado a incestuosamente conhecer meus próximos.



Áquila!

Façam nascer nesse ser inocente as glórias permitidas dos jogadores proíbidos, preciso de chicotes morais, de atrevimentos desbocados, de pernas lisas para saias justas, de sonhos devoradores de sonhadores, dêem-me essa oportunidade de ser alguém além das práticas, mas dos resultados, e todos eles capim queimado, gente passando fome mas me adorando, gente vendendo os fígados para comprar meu olhar.

Áquila!

Faça-me nascer impuro e bondoso comigo.

Áquila, voe e leve o ouro contigo, o sete fica aqui escondido, no cíclo dos meus sonhos perdidos eu cavo a sepultura dos escolhidos, agora eu sei como é andar entre eles, entre nós, é ir e voltar pela última aposta.

Traga-me a carta e meu coringa, as duas peças que faltam no meu ninho, eu preciso terminar essa partida, e seu mestre não mais anda contigo, estou cansado, e meu medo se substituiu por uma vontade de infinitos enfrentamentos, eu fervido, te considero um amigo.

O naipe desse meu novo tempo é ciclo de muitos ouros, justo o que falta no chão de meu caminho, devolvo-te o coringa, agora, para os anjos da boa sorte minha ganância é abrigo.
22:26

2 Comments:

Blogger Wilson Gustavo de Castro Lopes Oliveira - Professor Gustavo said...

eu gostei muito dessa prece satânica, em formato de prosa com tonalidade de poesia, mas sinceramente é algo muito pesado para um garotinho e bem bobinho para um adolescente, vê se cresce garoto, um dia você escreve algo com mais substantivos, vai procurar um dicionário,e tem mais, há algo de errado nesse texto, ganância é uma propriedade dos vencedores, pedir é coisa de fracassado. (você deve achar que ambição tem diferenças com ganância, hehehehe, vou rir de você ali no catinho, já volto, hahahahaha)

(o autor)

11:08 PM, setembro 28, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Aqui de modo muito mais acintoso vc aplica a ironia do sujeito romântico desdenhando e satirizando vc mesmo, quase numa meta-crítica de si. Hehe Doce garoto libertino e libertário, os demônios estavam contigo antes mesmo que imploraste a intercessão deles! O mosaico das imagens e imprecações tenebrosas e torturantes parece uma dança macabra que desfila a verve desenfreada de um bestiário mítico culminando no reiterado chamamento de Áquila, figuração solidária da transgressão que almeja no jogo existencial: o ouro em troca das peças que faltam para a solitária empresa de transcender o medo e ir além. Uma negociata, a mais-valia desesperada da aposta final. A simbólica do sete encerra e inicia um novo ciclo, daí a prece pelo auxílio das forças esconjuradas do mal, porque o psiquismo abriga desejos recônditos de bestialidades, sanhas insanas e grotescas que reverberam no seu contrário expondo a fragilidade e o desamparo de quem pede. Ainda aqui, o satanismo da prece restitui a ambivalência de um delírio, que não se atreve a ser santo, mas invoca para si dor e prazer numa crueldade sanguinária e torturante. Amei a orgia das imagens e vc me embriagou no melhor estilo dos poetas malditos, na esteira de Rimbaud, Verlaine, Mallarmé e Baudelaire! Pare de rir, Mister Maldito! Hehehehe Bjs, sempre.

12:54 AM, outubro 03, 2005  

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