Em todos os momentos que eu paro e penso em escrever coisas, faço um esforço para escolher as melhores estruturas ou então um vocabulário mais rimado, isso me torna um indivíduo muito programado por minhas pretenções, e também faz flagrar uma das minhas principais peculiaridades.

Outro elemento que me revela é a energia com a qual faço tudo, é sempre num fôlego só, acredito eu que tenho um pulmão, ou que o outro reservo apenas aos suspiros.

Confundir é meu lema, minha arma, minha compreenção, minha exatidão, minha perfeição. Uma obra em mandala ou em anagrama sempre me pareceram esteticamente melhores, ainda que a força filosófica por trás seja uma abstração infantil e covarde para ocultar verdadeiramente o fato de eu não ser alguém lá com muitas recursos a possuir.

Ao final do dia eu penso em muitas coisas bobas, sempre algo triste, é sim, eu subtraio minha esperança diariamente, e pouco antes de dormir faço com certa crueldade essa cirurgia espiritual.

Tenho prêmios com isso? Hehehe, um detalhe meu é avançar sempre contra as metas produtivas de uma sociedade cancerígena como a nossa, que pensa muito mal sobre a qualidade enquanto se perde no rítmo doido e doído da quantidade, assim, eu não me detenho o tempo todo a contar os resultados bons ou ruins das minhas obras, até porque isso é um processo neurótico sem a menor razão de ser, fico com a felicidade de ouvir a música dos meus passos que ainda ecoam, que agora embalam, e que se prometem em histórias ainda a se somar nos meus próprios testemunhos.
10:39