Sobre o Sol
Eis que hoje de trás das nuves dos últimos cinco dias, explodia o sol em claridade gentil a ponto de fazer renascer em mim o que provavelmente morreu nessas temporadas, saí para lugares que adoro,e ainda pela manhã visitei meu coração lá em meio aos matos e linhas férreas.
17:38





Há um copo.
Um copo na mesa, um menio,final de setembro,primavera e tempo nublado,barulho distante de carros, rua cheia de árvores, um aperto gostoso no peito, dia imortal, uniforme de colégio, inocência, correr pela casa, nenhum medo e todos os eles.

Há um copo na mesa.
11:10





7 de Ouros
Eu evoco os cardeais dos horizontes negros, eu chamo os sete diabos em nome da minha lingua porca, pelo sangue do mal eu conjuro os imponentes senhores da cobiça, alastrem-se por mim criaturas insanas e rasguem minha pele jovial para beber meu sangue, eu quero ingerir mil almas num só gole, então me ensine, façam de mim seu pupilo, estuprem minha misericórdia e devorem meus olhos de pele, eu quero sentir a alma em fogo, em brasa, em cinzas.

Derramem meu sangue num prato, chamem os cães para se satisfazerem, cozinhem-me no calor de mil dias sobre o sol, não me deixem falar, tampem meus ouvidos e ceguem meus olhos, eu peço, façam!

Diabos da Noite e todo o Azar convosco, venham trepar comigo na minha cama de oportunidades, eu copulo convosco pelo filho luar de meus sonhos vampíricos, eu quero morrer estraçalhado pelo peso dos estúpidos, numa morte vã sem menor carinho, e entreguem minhas esperanças os serviços das moças de ladainhas, enquanto eu não as ouço cantando seu celeste hino a minha morte, eu fadado ao sepulcro de muitos sóis, quero a negra noite dos encontros enfurecidos, tratados entre o mal e o destemido, numa poça de vingança, ousadia e risos.

Satanás venha me pegar, eu te quero assim bem pertinho, no negro tempo dos meus sonhos perdidos, eu faço de novo minha prece amada, no inocente juízo, não duvido de nada, sou pouco capricho, pode chegar mestre imbecil, leve-me para o cíclico tempo dos martírios.

Isso, vem, torne entrevado, tire-me a juventude, jogue-me à vergonha, aos limites da minha patética fraqueza, ponha-me diante de um bravo e faça-me lamber suas botas, vamos, faça o que eu imploro, desde já, te prometo lamber até fazer-se ingeridas as fezes de todos os seus soldados.

Adiante senhor das bestas, caminhe para mim, eu que tenho somente a ti para pedir, e que o medo vem e chega além, assim, tocando devagar meus sonhos, eu quero fazer sexo com suas aventuras, faça-me podre, cheio de feridas, e obrigado a incestuosamente conhecer meus próximos.



Áquila!

Façam nascer nesse ser inocente as glórias permitidas dos jogadores proíbidos, preciso de chicotes morais, de atrevimentos desbocados, de pernas lisas para saias justas, de sonhos devoradores de sonhadores, dêem-me essa oportunidade de ser alguém além das práticas, mas dos resultados, e todos eles capim queimado, gente passando fome mas me adorando, gente vendendo os fígados para comprar meu olhar.

Áquila!

Faça-me nascer impuro e bondoso comigo.

Áquila, voe e leve o ouro contigo, o sete fica aqui escondido, no cíclo dos meus sonhos perdidos eu cavo a sepultura dos escolhidos, agora eu sei como é andar entre eles, entre nós, é ir e voltar pela última aposta.

Traga-me a carta e meu coringa, as duas peças que faltam no meu ninho, eu preciso terminar essa partida, e seu mestre não mais anda contigo, estou cansado, e meu medo se substituiu por uma vontade de infinitos enfrentamentos, eu fervido, te considero um amigo.

O naipe desse meu novo tempo é ciclo de muitos ouros, justo o que falta no chão de meu caminho, devolvo-te o coringa, agora, para os anjos da boa sorte minha ganância é abrigo.
22:26





Ansiedade
Não gosto de publicar nada muito específico sobre mim, no entanto, por incrível que pareça estou gostando demais de usar esse espaço pouco ou nada lido para aventurar-se numa exposição saudável. Pois por um lado eu falo sobre coisas que realmente gosto e penso, por outro coisas que preciso dizer senão morro.

Uma dessas terríveis coisas é meu profundo status ansioso que nessas últimas semanas tem se tornado agudo, e divido isso com o mundo não pelo prazer masoquista de destruir minha vida mas pelo propósito de usar esse formulário branco do blogger para deixar escapar minhas protegidas ameaças. Sim, protegidas ameaças, afinal, estou o tempo guardando não sei de quem essas armas contra mim, e sinceramente seria muito melhor que todo mundo soubesse para vir logo e destruir-me com toda a força potencial.

Tenho muitos conhecidos que adorariam tal prazer, e tantos outros já há muito tempo empreitados nisso, alguns por inocência(o que é péssimo)e outros por maldade mesmo, a esses últimos vão esse meu post, com o suficiente de veneno para adoçarem suas flechas que já apontam para mim, esse post que nada mais fala da minha profunda insegurança quanto a minha vida profissional, que por incrível que pareça, como não poderia se supor, é algo que eu gosto muito, porém dorme solitária num universo de poucos clientes pagadores, num país de fracassados.

Ainda assim tenho motivos de sobra para escolher ficar, sim, ficar com esse jumbo histórico que resolvi proteger, tenho a impressão de que é um péssimo negócio, mas é também um orgulho destruidor, ora! Então estou mesmo ao masoquismo imbecil das minhas eternas opções cíclicas, hahahahah, eu sou um doente.

Alguém me salve!(confio em armas e venenos como única solução) Alguém me salve!!!
22:22





Decisões e De Cisões
Eu sou de uma só filosofia determinante, ainda que não todos os tempos assim:
Qual vergonha é terrível aos seus olhos? final dos tempos sem nenhum momento bom, ou um momento ruim com chance para ter qualquer final?
19:25





No sol e na cachoeira
Na foz de cinco quedas, sobre uma pedra de topázio, a seis centímetros acima do calcanhar, começa um metro e meio de uma linda tatuagem, que escorre sete litros de uma cor negra em círculos e traços diabólicos, nomeada como Semente de Números por duzentos sarcedotes, foi contemplada como a única mãe de tudo. E eu a vi inteira, cada detalhe perscrutado como se feita depois de infinitas revisões, numa pérola verde de valores proibidos, porém a preço cabível para meia dúzia de mascates, comprando corpos e vendendo os sonhos em suas bolsas de três volumes, como um sol na foz de sua própria chama, a reter com seu solitário coração ardente, as métricas amorosas para apaixonar nove planetas.
19:03





Pela Inocência dos Segundos.
Esse jeito de não pedir ao relógio da maneira que todos fazem quando se quer saber as horas, é típico de gente que nasceu e morreu pela alma dos sonhos, pedindo com doçura para não terminar na expectativa pueril do culminar.
15:42





Para Além
No norte de todo conceito perco o caminho das minhas palavras, é no encontro contínuo dos passos historiados que faço a leitura horizontal das minhas falácias, enquanto eu acho a rota das menções honradas em cada fato simples marcado, escalada essa inútil além dos limites impostos, porque estar e ir é uma prática respeitada pelo propósito inicial de tudo, e o nada, assim como quem nem pensava, põe-se a imaginar as novas estradas, de repente qualquer métrica é esperada, além de mim somente a sua palavra, um caminho tão simples a complexar a caminhada, perceber e conceituar por verticais olhares é tudo traçar pelo chão dos homens ou medir como anjos o além de nossa casa.
12:14





Experiência Familiar
Uma vez eu disse para uma amiga que minha única experiência familiar eram as escassas lembranças dos livros que li, mesmo assim, muito menos que um texto sobra-me apenas a sensação das passagens.

Sinto uma revolta chegando, enquanto isso estou inspirando meus nervos para fazer história dentro da minha família, que há tempos não existe além de um papel amarelado e no interior de um vasilhame de vinte e cinco anos com algum sangue.
21:53





Sobre os outros.
Que eu saiba somente o barulho do vento, ou a sua força em meu rosto, antes disso ou depois disso, basta-me lembrar que passei por ele, enquanto ele invariavelmente passou por mim.

Para as forças do que se diz eu prometo seu esfarinhar pelo esquecimento, para os enfrentamentos do impacto eu pergunto da durabilidade da proposta, não existe ditadura dentro de mim além dos pequenos segundos de império no amor que dou em chances que desejo.
13:18





Em todos os momentos que eu paro e penso em escrever coisas, faço um esforço para escolher as melhores estruturas ou então um vocabulário mais rimado, isso me torna um indivíduo muito programado por minhas pretenções, e também faz flagrar uma das minhas principais peculiaridades.

Outro elemento que me revela é a energia com a qual faço tudo, é sempre num fôlego só, acredito eu que tenho um pulmão, ou que o outro reservo apenas aos suspiros.

Confundir é meu lema, minha arma, minha compreenção, minha exatidão, minha perfeição. Uma obra em mandala ou em anagrama sempre me pareceram esteticamente melhores, ainda que a força filosófica por trás seja uma abstração infantil e covarde para ocultar verdadeiramente o fato de eu não ser alguém lá com muitas recursos a possuir.

Ao final do dia eu penso em muitas coisas bobas, sempre algo triste, é sim, eu subtraio minha esperança diariamente, e pouco antes de dormir faço com certa crueldade essa cirurgia espiritual.

Tenho prêmios com isso? Hehehe, um detalhe meu é avançar sempre contra as metas produtivas de uma sociedade cancerígena como a nossa, que pensa muito mal sobre a qualidade enquanto se perde no rítmo doido e doído da quantidade, assim, eu não me detenho o tempo todo a contar os resultados bons ou ruins das minhas obras, até porque isso é um processo neurótico sem a menor razão de ser, fico com a felicidade de ouvir a música dos meus passos que ainda ecoam, que agora embalam, e que se prometem em histórias ainda a se somar nos meus próprios testemunhos.
10:39





Para um primeiro post, eu peço emprestado a imagem sem ela me dizer qual é sua resposta, requisito a essa menina que faz tudo por si, e é a pergunta que qualquer um elabora por ti. Renascer é seu nome, ainda que seja só para mim, eu no fundo dos meus tempos, quero ela entre lá e aqui.

Entre em mim, porque esse é o perímetro dos meus sonhos, seja na dimensão de qualquer lugar, ou simplesmente ali, para sempre, essa que anda em todas direções sem fim, eu peço de novo, entre lá e aqui.
20:26