Um Mundo Azul  
Como diriam os panos de chão do quarto castelo das provícias de Marrabarate: "Eu quero ser a matemática de um trecho, no caminho de muitos trapos, há o que se dizer de pedaços, quando qualquer coisa mostrar monarquia!"

Eu em celeste convite, desci numa chícara, bem perto das mesas que pairavam nos grãos de poeira bailantes, conduzidos pela beleza da luz que atravessava o vitral e iluminava os visitantes, e todos diziam: "São as neves do sol esse lindos rabos de estrela!"

Por último entrou o cadáver, que ajeitou-se no caixão, tirou do bolso um relógio que no lugar de números estava uma combinação de letras, memorizou a sequência apontada e disse: "Em Cinco Dias eu Merecerei a Luz Quente de Um Reinado nas Estrelas."

Tomei um gole de paixão e fui soprar nuvens, bem distante olhei e xinguei: "Amadas!"
22:02

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Disse Pessoa: ‘Não evoluo, viajo’. Viajante na imensidão azul, vc faz uma parada para vivificar e conceder majestade a um deslembrado ‘pano de chão’. A estirpe nobre da tua verve poética interpõe ao fragmentário, na metáfora dos ‘trapos’, a nobreza exata e entrevista de trechos augustos. Não menos poético é o nome do castelo, que não é o primeiro, mas o quarto, como se o bom da vida fosse degustado não em instâncias primeiras, mas em experiências ulteriores. Vc prefigura o que já sabe, meu Lorde: o melhor está por vir. Hehe ‘Marrabarate’ é delicioso e musical na assonância clara e límpida dos a’s que ancoram as sílabas e ressoam no celestial convite aceito por ti. Transfigurado em pano de chão, adentras os domínios encastelados desvirginando os mágicos mistérios encarnados na sensível ambiência. Vc aprofunda o passeio detendo-se na xícara, ao tempo que é seduzido pela poeira dançante revelada pela luz que perpassa do vitral em luminescente claridade. Para os grãos de poeira constela belo pólo imagético que apenas o olhar da poesia pode desvelar e animizar: ‘neves do sol’, ‘rabos de estrela’. Mui lindo! A estranheza no inusitado do cadáver que irrompe e se acomoda ao caixão, desterro dos corpos nas mortes imaginárias ou não, encerra sua visita caminhante. O cadáver anela pela luminosidade, pela morada estelar e demarca seu prêmio para dali cinco dias. O que merecemos estará sempre ali, além, aquém do eu?? Não sei, não sei! Antes de tornar ao mergulho no Azul, vc sorve da xícara paixão, néctar motriz de qualquer vivente, e volta ao sopro das nuvens... E na imprecação das que se distanciam, como os sonhos desalentados, vc, ainda assim, declara seu irremediável e inelutável sentimento de Amor: ‘Amadas’. Adorei! Bjs, forever.

7:46 PM, novembro 02, 2005  

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