Cacos do Futuro
Em um jarro de esperança começou a festa das pretensões, até esbarrar o fogo do tempo nos corpos ansiosos dos cegos, então o vasilhame tornou-se incandescente, e no cansaço jactante dos sem forças - esses desgraçados - cuspimos os pulmões com a ebulição dos prazeres sucessivos a matar nossa humildade requisitada porém ausente, convertendo o amalgama de sortudos privelegiados em ensaiados parasitas famintos, devoradores armados com suas ventosas cheias de presas, essas prometidas - pela fé dilacerante de uma só opção - a cuidar de carnes macias que cerimoniosamente deveriam ser apreciadas só com as papilas espirituais.

E o âmbulo dos mais protegidos segredos torna-se ao calor da chama temporal um caldeirão diabólico, não pela asas do cântaro sonhado mas pela pouca decência dos fervidos, a fazer rachados os gargalos das qualidades, para transbordar de uma vez, o que não crumpem fazer com cuidados celestiais. E no encontro externo do sangue efusivo aos ácidos frios do medo devoram seus próprios abdômenes dizendo-se em um mundo sem esperança, com despedaçados corações e mãos rasgadas pelo prostar-se de quatro nesse chão cheio de cacos, alinhando seus corpos para fazer-se de composturas desumanas, e preparar nos líquidos dos sonhos com fermentos de mentiras, seus paraísos cozidos à lenha de seus corações. Anunciam o império do azar sublimando seu pouco ou mesmo nenhum entendimento - religião em máxima essência - da catarse no ínvolucro sem pétalas de sabedoria, tudo no tempre bendito das liberdades que amam os patéticos, único recipiente verdadeiro semelhante à mão entreaberta de Deus.
11:34

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Antes de comentar peço-lhe que feche os olhos e sinta por alguns segundos... Sentiu?? Foi meu abraço que te envolveu doidamente aspirando a força e a fecundidade das suas palavras. Não sei quando escreveu este texto, mas ele profetiza/ratifica os infaustos que vicejam profusamente na nossa sociedade doente e decrépita, que, infelizmente, deparamo-nos, vez ou outra, nas estradas da existência. Como a sociedade somos nós, o futuro estilhaçado de muitos é um vaticínio certo, tal a hybris grega, para o homem desorientado e desordenado que não aprendeu o exercício sagrado de valores e virtudes na realização do Ser. O não-Ser é a mais triste falência ontológica da criatura. Mas o que podemos fazer?? Seguir em frente, ainda que desesperados como nosso mestre Nieztsche recomenda. Hehe Beijos, adoro-te, Menino Desinocente.

12:17 AM, outubro 13, 2005  

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